Trecho:
“[…] em A chaga parece que, de facto, as personagens locais, não coloniais, são remetidas para o “pano de fundo” da História e perdem qualquer densidade psicológica. Porém, repare-se no princípio e no fim do livro. Há um homem, africano, que, de cima, olha o pequeno núcleo colonial continuamente e com mágoa. O principal colono da estória e dali roubou-lhe as terras. O fecho do romance pertence, também, ao colonizado e nos dá, em poucas frases, toda a complexa realidade psicológica da situação colonial na mente dos colonizados. É como se toda a estória fosse vista e supervisionada pelo africano refratário a tal mundo, como se tivesse estado sempre ali a ver a estória desenrolar-se, preparado para o seu fecho. Insuperável esse fecho, verdadeira chave de ouro, em breves e densas palavras nos fornece a chave da narrativa e a justificação do próprio título.”
O artigo pode ser lido no blog A Ruga e a Mão (aqui).